terça-feira, 2 de maio de 2017

Uma caracterização das tropas orientais e sua forma de conduzir a guerra


Serve o presente como tentativa a contributo para compreender a forma uruguaia de fazer a guerra em 1816 e 1817. As forças de José Artigas variavam entre um núcleo forte de tropas veteranas e uma vasta panóplia de forças milicianas formadas quase todas para a campanha de 1816 de todas as áreas da Banda Oriental, Corrientes, Missiones e Entre Rios. Todas as raças foram empregadas para a defesa do território face à invasão portuguesa. Espanhóis, crioulos, negros, índios.

Antes de entramos no assunto, em que me estendo longamente no que espero ser de uso, é necessário perceber que Artigas e as forças federais vinham já de operações  bem sucedidas (contra Buenos Aires) em 1814 e 1815, e tinham assim a vantagem da experiência – sabiam já o que resultava com o que tinham disponível. A vitória na batalha de Guayabos, a 10 de janeiro de 1815, fortaleceu Artigas, permitindo-lhe tomar conta da Banda Oriental. Na verdade, de uma forma ou de outra, Artigas comandou tropas desde o início da revolução platense.
Apesar disso, desde o primeiro trimestre de 1815 que a Banda Oriental estava em paz, quando se obteve um acordo de paz com Buenos Aires, com a entrega de Montevideu aos orientais federalistas.


Imagem em cima

Representación pictórica de la Batalla de Paso Cuello, ocurrida el 19 de marzo de 1817 en el actual territorio de Uruguay. (Angel Saibene, fonte: Wikicommons)

A Importância da Campanha

Em termos estratégicos, é necessário também perceber que Artigas considerava que uma guerra seria ganha na campanha e não na cidade. Nada exemplifica melhor esta visão estratégica que o facto de Artigas ter criado a povoação (ou acampamento) de Purificación, na foz do arroyo Hervidero com o Uruguai, próximo de Paysandú, a partir do nada, apenas tendo em conta a centralidade, tanto acessando a fronteira, a norte, como Montevidéu, a sul, mantendo o Uruguai nas costas para uma eventual retirada para Corrientes.
Fernando Otorgués
Quando os federais entraram em Montevidéu, em fevereiro de 1815, Fernando Otorgués (então, governador) propôs a destruição de algumas das muralhas da praça, pois era impossível guarnecê-las todas. Artigas concordou, mas acabou por anular essa ordem logo de seguida. Algo parecido vai acontecer em janeiro do ano seguinte, à aproximação dos portugueses, em que Artigas mantém uma ordem de destruição das muralhas antes de uma evacuação. Nessa altura, fazer uma guerra de recursos com ações rápidas sobre o inimigo era a realidade do plano artiguista, frustrada que havia sido uma entrada pelo Rio Grande e Missões.



Invasión Portuguesa

Em Junho de 1816, quando chegam a Montevidéu as notícias certas de que as 4000 tropas portuguesas partiam do Rio de Janeiro, o plano de Artigas começa a ganhar forma e ímpeto. As tréguas com Buenos Aires haviam proporcionado alguma estabilização na formação de novos oficiais, como é exemplo Ramon de Caceres e em geral permitiram uma melhor instrução, ainda que limitada à falta de armamento. 
De acordo com os cálculos de Vazquez, à altura da invasão portuguesa, dos cerca de 8000 efetivos de Artigas, apenas 1000 (12%) eram tropas de 1.ª linha, pagas. O restante eram milícias, em geral não muito bem treinadas, mas engajadas ideologicamente com os princípios patrióticos:

El resto, 3.000 milicianos, 2.000 misioneros y 2.000 correntinos, son gente que acompaña a Artigas desde hace tiempo y ha participado ya  en hechos de armas. (Vaszquez, 184)

De particular importância eram os efetivos do Regimento de Blandengues de Montevideo, cavalaria ligeira equivalente aos dragões portugueses, mas apenas um décimo do total, espalhados pelas várias divisões artiguistas.

Regimento de Balndengues da Fronteira de Montevidéu (Samson)



Diferenças entre Portugueses e Orientais

As tropas da capitania do Rio Grande não eram, ao início das operações, em setembro de 1816, muito diferentes em composição das orientais. Se tanto, a percentagem de tropas de 1.ª linha seria o mesmo décimo que as suas adversárias. 
A mais fundamental diferença estava no equipamento e no armamento. As forças do Rio Grande estavam equipadas com o mesmo tipo de equipamento que qualquer unidade de Portugal. Descobertas arqueológicas no campo de Catalán, feitas pela Campos de Honor, indicam-nos que os portugueses estavam armados com mosquetes, espingardas e carabinas recentes, assim como artilharia de campanha conforme os standards da guerra peninsular (óbus de 5,5 polegadas e peças de 6).
No lado oriental, o panorama era diferente. O armamento era mais antigo e das mais variadas proveniências, espanhol, claro, francês, britânico, português capturado (ou vendido). O tenente coronel Vazquez apresenta-nos bem o panorama quando refere que:

las armas son absolutamente deficientes: casi nada de Artillería y muy contadas armas de fuego; los permanentes y heróicos "palos con cuchillos enastados", las ya clásicas chuzas de desjarretar y algunos sables. (Vazquez)

Não era apenas essa vantagem tecnológica que os portugueses tinham. Ao contrário dos patriotas orientais, as forças portuguesas do Rio Grande eram a continuidade do complexo militar da ‘fronteira do vaivém’, unidades que haviam nascido na forja da própria província , como os Dragões do Rio Pardo, ou no âmbito da invasão espanhola do Rio Grande, nas décadas de 1760 e 1770, como a Legião de São Paulo ou a Legião de Cavalaria Ligeira. Estas unidades trabalhavam coordenadas sob o mesmo comando desde 1770, e operaram em vários momentos até chegarmos a 1816, segundo os regulamentos militares portugueses, apenas um pouco adaptados (por exemplo, uso de bola e laços, para sustento e combate, assim como faca na bota, “ao modo do paiz”). Mais do que uma doutrina absolutista face a uma republicana, era uma doutrina experimentada e coesa, a portuguesa, face a uma doutrina experimental, com algumas raízes, mas fundamentalmente um novo tipo de exército, a oriental.


Orientais

O movimento federalista, oponente ao centralismo portenho de Buenos Aires, tinha, no entanto, uma característica vital. A Banda Oriental era, entre as províncias do antigo vice reino do Rio de La Plata, a mais voluntariosa na defesa dos ideais federalistas e do poder de José Artigas, seu protector. O apoio vinha de todas as classes sociais criolas, nascidas na América, desde a campanha até às cidades: Montevidéu, Maldonado, Paisandú, Salto, etc.
Ao elemento republicano, inovador, adicionamos o elemento provincial, das formas de combater, com lanceiros, por exemplo, nas Missões, de ambos os lados, em direta influência da forma guarani de fazer a guerra. 
A diferença, no entanto, era que Montevidéu nunca foi uma estrutura provincial da importância, no Rio de la Plata, como do Rio Grande de S. Pedro no Brasil. Até relativamente há pouco tempo, décadas finais do século XVIII, Montevidéu era uma gobernancia subordinada a Buenos Aires, e o seu território não cobria metade do atual Uruguai, a antiga Banda Oriental.
Desde a guerra de reconquista do Rio Grande, na década de 1770, que a província tinha um comando próprio e que se assumia como a fronteira, o ponto mais a sul do Brasil e de contacto com o império espanhol.

José Artigas
Plan de Artigas

Em agosto de 1816, sabendo das pequenas invasões no Cerro Largo e em Santa Teresa, a leste, Artigas tinha por objetivo atacar, ao mesmo tempo, em Missões, com cerca de 2000 sob Andrés Artigas, apoiados por Sotelo, & o grosso das tropas sob o próprio Artigas, na área de Santana do Livramento/Rivera, a ameaçar uma invasão sobre o sertão gaúcho. 
A intenção de Artigas era focar toda a atenção dos portugueses sobre a fronteira e dessa forma ganhar tempo e alavanca para deter a invasão portuguesa pelo leste, a Divisão de Voluntários Reais de Lecor. A melhor defesa é o ataque, parece recomendar o adágio.

Na verdade, Artigas não obteve esse ataque simultâneo, e Andresito Artigas começou a invasão das Missões Orientais, montando sítio a S. Borja a 21 de setembro. A 22 desse mês, dá-se o combate de Santana, só de cavalaria, em que os portugueses abandonam o campo aos federais, mas não há um confronto geral senão em Carumbé, a 27 de Outubro, que os portugueses ganham. Neste teatro norte, só em janeiro aquecerão de novo.

Evolução na forma de fazer a Guerra

Há duas épocas no que diz respeito à forma de conduzir a guerra por parte dos orientais. 

I. A primeira, do início das operações, em setembro de 1816 até Catalán e a tomada de Montevidéu (respetivamente 4 e 20 de janeiro de 1817): consiste em batalhas campais, de tamanho variável, em que os orientais atacam com uso do ‘corralito’. O objetivo geral passava ainda, até Catalán, em entrar pelo Rio Grande e dessa forma ameaçar o flanco da Divisão dos Voluntários Reais e a cidade de Porto Alegre. Em ações pequenas, só com cavalaria, os orientais obtiveram alguns sucessos (Zapallar, Pablo Paéz, Castillos, Sauce), mas não nas ações maiores, em que os portugueses tinham mais infantaria e artilharia.

II. A segunda, a partir de fevereiro, recorrendo à guerra de recursos (negando os mantimentos e gado aos portugueses), com os orientais a optar por ações de tipo guerrilha, assediando as operações de forragem do inimigo e atacando a retaguarda portuguesa: consiste em assediar o inimigo em qualquer saída que faça da área em torno da praça de Montevidéu, e tentar ações mais vigorosas sobre unidades em forragem (Arroio do Pintado, 23/3) ou da retaguarda (Toledo, 5/5). Os orientais evitam oferecer batalha, mas evitam também baixas e obtêm apenas sucessos. Ainda que pequenos, estas pequenas vitórias vexam bastante o moral dos invasores, e marcam a presença dos federais na campanha uruguaia.


Batalha de Carumbé (Vazquez, 1952)

Corralito

Ao refletir sobre a batalha de Carumbé, a única comandada por Artigas, o tenente coronel Juan Antonio Vazquez sumariza a tática oriental única utilizada por Artigas, assim como em outras ações, pelos seus tenentes:

Una larga y débil linea de infantería, [...] de todas maneras, una línea discontínua y sin profundidad. En los extremos, formaciones de caballería.

De facto, a mesma tática que Ramón de Caceres chama de ‘corralito’, é utilizada em quase todas as grandes ações: no centro, a infantaria, cerca de dois terços do total, muito espaçada, quase como se fossem atiradores em linha de escaramuça; a cavalaria, nas alas, flanqueando e tentando envolver o inimigo. 

O general portenho, Carlos Alvear, numa relação de tropas dos patriotas do Rio da Plata, em Junho de 1815, refere bem o espírito oriental e a sua forma de combater:

Estas dos Provincias son las mas entusiastas por la guerra, y todos sus habitantes á excepcion de una pequeña parte se unirian inmediatam.te a las tropas de Artigas y engrosarian su num.° en caso de invasion. Estas tropas son valientes, y de una constancia admirable; no tienen disciplina de ninguna especie, ni conocen otra formacion q.° la de ponerse en ala: hacen la guerra por el estilo de los Cosacos; devastando todo el terreno, q.e deben ocupar sus enemigos, y cargandolos al descuido; pero nunca presentando batalla, a no ser en el caso de contemplarse muy superiores en num.°. (Carlos Alvear, Archivo Artigas)

Devido à pouca instrução e experiência de muito do exército, Artigas e os seus tenentes (Andresito, Berdún, Latorre) recorrem a uma tática simples e direta, mas que depende da execução rápida. Com a devida escala, o exército francês viveu o mesmo tipo de problemas nas guerras revolucionárias, adotando táticas de infantaria mais simples, adaptadas a um exército de cidadãos. 
A tática padrão oriental, o corralito, chamemos-lhe assim, requer a iniciativa sempre, mas encontrou em quase todas as maiores ações a oposição eficaz dos portugueses, não só pela manobra e contra ataque, mas pelo uso muito eficaz da artilharia e da infantaria.
Em todas as ações de 1816, o primeiro movimento foi sempre dos orientais, a tentar flanquear, normalmente respondido pelos portugueses com manobra e contra ataque, com a cavalaria portuguesa invariavelmente a ganhar o dia com um último esforço (exceto India Muerta).

Ao refletir sobre a forma de fazer a guerra nesta campanha, Francisco de Paula Leal, oficial de Dragões, exprime bem a importância e força do ataque oriental e na capacidade dos portugueses o contra atacarem efetivamente.
[...] as grandes manobras devem fazer-se conforme as circunstancias, ainda que com os inimigos actuaes nenhumas são precisas, e basta só ter constancia para lhes resistir ao seu primeiro impulso que he forte (pois tem algumas vezes chegado a numa bela  hora, como succedeo em Catalam, na acção a que assistio o Exm. Marquez de Alegrete; em Carumbé, na acção commandada pelo Brigadeiro Joaquim de Oliveira Alvares; nos Potreiros de Arapehy, acção commandada pelo célebre  Tenente Coronel José de Abreo, &c.), e resolução para cahir sobre elles, quasi desordenadamente, debandando muitas vezes, porêm sempre com alguma porção de gente reunida, para não acontecer morrerem tantos soldados, como até aqui tem succedido. 

Em India Muerta, o marechal de campo Pinto reage à tentativa de envelopamento por parte dos orientais, e só a linha de caçadores, deitados, no centro começa a inverter a sorte da batalha. A ala esquerda, onde está o major Manoel Marques de Sousa, preocupava-se em enviar 30 cavalos a apoiar MacGregor nas costas do arroio de Sarandi de la Paloma, lá atrás, quando percebe, de repente, a ala direita oriental a fazer contacto, nesse seu esforço de tentar rodear.





Ramón de Caceres descreve-nos a linha oriental em India Muerta. Ele próprio estava nela, na cavalaria da ala direita, na sua estreia de fogo como teniente segundo. De acordo com ele, toda a linha oriental tinha perto de 15 cuadras, cerca de 2 quilómetros de frente:

D. Frutos mandó desmontar la infanteria, y formada en ala, los cuatro cuerpos, marcharan de frente hasta la Cuspide de una cuchilla, muy inmediata al lugar en que estaban los Portugueses. La caballeria que marchaba a los flancos luego que hizo alto la infanteria, formaron martillo sobre la misma.La Infanteria como he dicho en ala con intervalos considerables de cuerpo a cuerpo, y tan rala de hombre á hombre, que parecian Cazadores en guerrilla, agarraban una extencion inmensa. La Caballeria en el mismo orden, se extendia como para formar corralito á los Portugueses, (!era la tactica de entonces!) mi Divicion agarraba mas de seis quadras de extencion [c. 780 metros] ; macxime desde que habiendonos tirado cañonasos los Portugueses, mi Comandante me mandó relaer la linea, corriendose así á la isquierda, para que no hiciesen operacion las balas del enemigo – (estas fueron sus palabras) de suerte que desde nuestra derecha no se veia el costado izquierdo que venia á quedar en un bajo. (Ramón de Cáceres)
Croquis da batalha de India Muerta, Ramon de Caceres.

O maior problema e o que mais infere nas derrotas orientais é claramente a sobre extensão da linha oriental, na ânsia de envolver o inimigo, permitindo assim respostas adequadas por parte dos portugueses que contra atacam nos sítios mais fracos. Novamente a grande vantagem portuguesa é o uso de artilharia no local mais vantajoso, normalmente no centro, com apoio de infantaria.

O ‘corralito’ era, no entanto, uma excelente tática para pequenas ações envolvendo só cavalaria, como o prova várias ações na zona leste do Uruguai: Castillos (5/9), Zapallar (16/10), Pablo Paéz (4/12), Sauce (8/12). No entanto, não funcionava bem contra o uso combinado da infantaria, artilharia e cavalaria pelos portugueses. Estas vitórias, por pequenas que fossem, eram a única fonte de sucesso que os orientais conseguiram obter e indiciavam já o tipo de guerra que iram favorecer depois de Catalán.



A Exceção de Catalán

A batalha de Catalán é a exceção ao que escrevo, não porque não tenha deixado de contar como derrota aos orientais e por sinal fulcral para terminar a campanha a norte por muitos meses, mas porque os orientais comandados por Latorre conseguem, pela primeira vez, usando o terreno, surpreender totalmente os portugueses. A sua linha e a sua tática são iguais às de sempre, infantaria ao centro e cavalaria nas alas, mas o arroio e as sangas, assim como o escuro da madrugada, permitiram um melhor efeito.
O resultado destes fatores fazem com que os orientais consigam chegar à linha portuguesa, além do arroio que as separava, para serem repelidos pela infantaria de São Paulo e pela ação dos obuses de 5,5 polegadas, que tiveram grande efeito.

O tenente coronel Inácio Vicente da Fonseca, da artilharia da Legião de S. Paulo, relembra o primeiro ataque oriental, em Catalán, pelas 4 e meia da madrugada:

principiamos logo a ouvir o grande alarido que costumam fazer estes barbaros, e a descobrir hum grande negrúme por todas a Coxilha que estáva pela nossa frente, flanco, esquerdó, é retaguarda, a nossa Tropa dispoz-se imediatámente p.'. entrar em Acção, e o Inimigo aproximava-se cada vez mais tocando a sua Muzica com grande dezafogo.” (Catalán, 0430H, TC Vicente da Fonseca)



Andrés Latorre
Latorre envia também toda cavalaria da ala esquerda (que Artigas indica ser toda composta de soldados de Corrientes) a carregar sobre o flanco direito português, a sul, e só a ação verdadeiramente extraordinária de dois esquadrões, de Dragões e de Entre Rios, vindo um da linha e outro da reserva, a alguma distância atrás da linha portuguesa, e homens como Sebastião Barreto Pinto e José de Abreu no comando, é que evitou um flanqueamento que poderia fazer perder todo o campo.
Uma tentativa de flanqueamento pela esquerda portuguesa foi tentanto a norte, mas, mais tímido, debateu-se a dois outros esquadrões de cavalaria que protegeram o passo em questão, próximo ao marquês de Alegrete, comandante português. 


André Guaçurari Artigas
A Pequena Guerra

Esta transição, ainda que forçada pelo êxito dos portugueses na costa atlântica, como na área do Quaraí, a norte, reflectiu fundamentalmente que apenas as ações de guerrilha tinham tido algum tipo de sucesso nos primeiros quatro meses. Isto é exemplificado perfeitamente nas operações de Otorgués, primeiro, e Rivera, depois, no assédio que fazem à Coluna do Centro, inclusive cortando as comunicações entre o seu comandante Bernardo da Silveira Pinto e o general Lecor, deixando Silveira num compasso de espera forçado, em que é atacado por Rivera.

Com as derrotas sucessivas em batalhas campais, apesar da iniciativa e moral, a doutrina oriental assume perfeitamente as ideias de Artigas de que a guerra só pode ser ganha na campanha, com o apoio das populações.
A divisão da direita, de Frutuoso Rivera, com o comando em Paso de la Arena, no arroyo Lucia Chico, próximo do que é hoje Florida, passou a conduzir uma guerra de recursos, retirando todo o gado para o norte do rio Negro e negando mantimentos aos portugueses, procedendo a um assédio constante com ataques à retaguarda de grande sucesso (Arroio Pintado, a 23 de março, ou Toledo, a 5 de maio). Lavalleja ganhou grande fama como comandante da vanguarda de Rivera, fazendo o que muitos qualificam como prodígios de valor e coragem perante os portugueses.



Bibliografia
CACERES, Ramon de, “Memória Postuma del Coronel Ramon de Caceres”, in: Revista Histórica, tomo XXIX, n.º 85-87, Montevideo, Museu Historico Nacional, Julho de 1959, pp. 377-566.
LASCANO, Diego M. & Buschiazzo, Marcelo Dias, Batalla de Catalán – El Aporte de la Arquelogía Militar, Colonia de Sacramento, Campos de Honor, 2016.
LEAL, Francisco de Paula, Divertimentos Militares, Rio de Janeiro, Imprensa Americana, 1837.
VAZQUEZ, Juan Antonio, Artigas Conductor Militar (Coleção General Artigas, n.º 12) Centro Militar, Montevidéu, 1953.

3 comentários:

  1. ¡Felicitaciones! Una excelente síntesis de la forma de Guerra llevada por los artiguistas en la Campaña contra Portugal.

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    1. Obrigado, Juan. Uma 2.ª parte é necessária, porque faltam algumas coisas. Falar sobre as unidades e a composição do exército oriental (pré e pós-Carumbé), as mudanças de pensamento tático de Artigas após essa batalha e o verdadeiro papel da infantaria federal, que foi na verdade muito elogiada por oficiais portugueses, principalmente nos primeiros dois meses da campanha. Abraço e obrigado por acompanhar.

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  2. Excelente.Desde que descubrí su pagina vengo leyendo sus articulos. Hay poca literatura sobre la invasion portuguesa a la Provincia Oriental.Le recomiendo "Las batallas de Artgigas" Autores Juan Carlos Luzuriaga y Marcelo Diaz Buschiazzo.

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